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terça-feira, 12 de maio de 2020

Henrique VIII


Henrique é conhecido como o fundador da Igreja Anglicana. Suas lutas contra Roma ocasionaram a renúncia da Inglaterra à autoridade papal, a Dissolução dos Mosteiros e seu próprio estabelecimento como Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra. Ainda assim continuou a acreditar nos principais ensinamentos católicos, mesmo após sua excomunhão.
Em 1513, Henrique aliou-se com Maximiliano I, Sacro Imperador Romano-Germânico, e invadiu a França com um exército numeroso e bem equipado, porém pouco realizou com o enorme custo financeiro. Por outro lado, Maximiliano usou a invasão inglesa para seu próprio benefício, prejudicando a capacidade da Inglaterra de derrotar os franceses. 
Esse incidente marcou o início de uma obsessão de Henrique, que invadiu o país novamente em 1544. Desta vez, suas forças capturaram a importante cidade de Bolonha-sobre-o-Mar, porém o imperador Carlos V apoiou Henrique até onde julgava necessário e a Inglaterra, esgotada pelos custos da guerra, entregou a cidade de volta após pagamento de resgate.
Seus contemporâneos, durante seu auge, consideraram Henrique um rei atraente, bem educado e realizado, e ele já foi descrito como "um dos governantes mais carismáticos a ocupar o trono inglês".
 Além de reinar com poder considerável, Henrique também escrevia e compunha. Seu desejo de ter um herdeiro homem – em parte por causa de sua vaidade pessoal, por acreditar que uma mulher não seria capaz de consolidar a dinastia Tudor e também pela frágil paz existente após a Guerra das Rosas – levou às duas coisas pelas quais Henrique é mais lembrado: seus seis casamentos e a Reforma Inglesa.
 Ele tornou-se obeso mórbido e com saúde fraca, o que contribuiu para sua morte em 1547. Ele é frequentemente caracterizado ao final de sua vida como concupiscente, egoísta, severo e inseguro. 

  • Início de vida

Escudo como Duque de Iorque
Brasão como Príncipe de Gales.
Henrique nasceu no Palácio de Placentia, terceiro filho de Henrique VII e Isabel de Iorque.[
 Em 1493, aos dois anos de idade, Henrique foi nomeado Condestável do Castelo de Dover e Lorde Guardião dos Cinco Portos. 
Em maio de 1495, Henrique foi nomeado para a Ordem da Jarreteira.[
Ele recebeu uma educação de primeira qualidade de grandes tutores, tornando-se fluente em latim e francês além de aprender um pouco de italiano. Pouco se sabe sobre o começo de sua vida – com exceção de alguns fatos isolados – já que não era esperado que se tornasse rei.
 Em novembro de 1501, Henrique participou consideravelmente das cerimônias do casamento de seu irmão Artur com Catarina de Aragão, filha mais nova de Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela.

Catarina de Aragão, c. 1502.
Em 1502, Artur morreu aos 15 anos, vinte semanas depois de se casar com Catarina. Sua morte colocou todos seus deveres em Henrique, então com dez anos.
Henrique VII renovou seus esforços para selar uma aliança com a Espanha ao oferecer Henrique para se casar com a viúva Catarina. 
 Em 23 de junho de 1503, um tratado foi assinado para o casamento dos dois e eles foram prometidos dois dias depois.
 Uma dispensa papal era necessária apenas para o "impedimento de honestidade pública" se o casamento com Artur não tivesse sido consumado como Catarina afirmava, porém Henrique VII e o embaixador espanhol queriam conseguir a dispensa por "afinidade", que levava em conta a possibilidade de consumação.
 Por Henrique ter apenas onze anos, os dois não podiam viver juntos. A solução de Fernando II foi fazer de sua filha uma embaixadora, permitindo que ela ficasse na Inglaterra indeterminadamente. Muito devota, ela passou a acreditar que era a vontade de Deus que se casasse com Henrique mesmo ele sendo contra isso.

  • Início de reinado

Henrique em 1509.
Henrique VII morreu em 21 de abril de 1509 e o jovem príncipe ascendeu ao trono como Henrique VIII. Logo após o enterro do pai em 10 de maio, o novo rei repentinamente declarou que se casaria com Catarina, 
 Henrique afirmou que era o último desejo de seu pai seu casamento com Catarina. Sendo isso verdade ou não, era certamente conveniente.
 Seu casamento com Catarina foi discreto e foi realizado em Placentia. Em 23 de junho de 1509, Henrique levou a esposa da Torre de Londres até a Abadia de Westminster para sua coroação, que aconteceu no dia seguinte. 

Pouco tempo depois Catarina engravidou, porém a criança foi uma menina que nasceu e morreu no dia 31 de janeiro de 1510. Quatro meses depois a rainha estava grávida novamente. No dia de ano novo de 1511, a criança – Henrique – nasceu. 
 Entretanto, o menino morreu sete semanas depois.
Começando em 1516, a mais importante amante de Henrique por três anos foi Isabel Blount. Ela é uma das duas únicas amantes completamente incontestáveis, poucas para um rei jovem e viril.  Catarina não protestava, engravidando novamente em 1518 com outra menina natimorta. Blount deu à luz em junho de 1519 a Henrique FitzRoy, filho ilegítimo do rei.
 O menino foi feito Duque de Richmond em junho de 1525  FitzRoy se casou em 1533 com Maria Howard, porém morreu sem filhos três anos depois. Na época de sua morte, o parlamento tinha aprovado o Segundo Decreto de Sucessão, que poderia permitir que ele se tornasse rei.

  • França e os Habsburgos

Henrique c. 1520.
Em 1510, com uma frágil aliança com o Sacro Império Romano-Germânico na Liga de Cambrai, a França estava vencendo uma guerra contra Veneza. Henrique renovou a aliança de seu pai com Luís XII da França, uma questão que dividiu seu conselho. Certamente uma guerra contra o poder combinado das duas potências seria extremamente difícil. Pouco tempo depois, ele assinou um pacto contraditório com Fernando contra a França. O problema foi resolvido em outubro de 1511 com a criação da anti-francesa Liga Santa pelo Papa Júlio II, levando Luís a entrar em conflito com Fernando.
 Henrique colocou a Inglaterra na Liga Santa pouco depois, com um ataque inicial conjunto anglo-espanhol a Aquitânia planejado para a primavera. Parecia que os sonhos de Henrique começariam a se tornar realidade e ele governaria a França.
 A declaração formal de guerra ocorreu em abril, porém o rei não liderou pessoalmente o ataque. A ação foi um grande fracasso;  Henrique então realizou um golpe diplomático ao convencer o imperador a entrar na Liga Santa.
Extraordinariamente, Henrique também garantiu a promessa do título "O Rei Mais Cristão da França" e uma possível coroação pelo papa em Paris se Luís fosse derrotado.
Henrique invadiu a França em 30 de junho de 1513  Henrique liderou o exército pessoalmente, acompanhado por uma grande comitiva.
Sua ausência do país induziu seu cunhado Jaime IV da Escócia a invadir a Inglaterra a mando de Luís.
O exército inglês, supervisionado pela rainha Catarina, derrotou os escoceses na Batalha de Flodden em 9 de setembro de 1513. Entre os mortos estava Jaime, terminando o breve envolvimento escocês na guerra.
 Essas campanhas deram a Henrique o gosto do sucesso militar que tanto desejava. Porém, apesar de indícios que iria prosseguir com uma campanha no ano seguinte, o rei decidiu não realizar o movimento. 
 Com a morte de Júlio II e a eleição de Leão X, que estava inclinado a negociar a paz com a França, Henrique assinou seu próprio tratado com Luís: sua irmã Maria se tornaria a esposa do rei francês, tendo sido anteriormente prometida a Carlos da Áustria, e a paz seguiu-se por oito anos.
O encontro de Francisco I e Henrique VIII no Campo do Pano de Ouro em 1520.

  • Divórcio de Catarina de Aragão

Catarina de Aragão, c. 1525.
 Em 1525, enquanto ficava cada vez mais impaciente com a incapacidade de Catarina de gerar o herdeiro homem que tanto desejava, ele ficou enamorado de Ana Bolena, então uma jovem carismática na comitiva da rainha.
 Porém, Ana resistiu as tentativas de sedução e se recusou a se tornar uma amante como a irmã.[56] Foi nesse contexto que Henrique considerou suas três opções para conseguir seu sucessor e assim resolver aquilo que a corte passou a descrever como sua "grande questão".
 As opções eram legitimizar Henrique FitzRoy, que necessitaria da intervenção do papa e estaria aberto a contestações; casar Maria o mais rápido possível e esperar que um neto herdasse a coroa diretamente, porém ela era uma criança e era improvável que ficasse grávida antes da morte do rei; ou divorciar-se de Catarina de alguma forma e se casar com alguém na idade de ter filhos. Provavelmente vendo a possibilidade de se casar com Ana, a terceira alternativa foi a mais atrativa.[
Assim o anulamento do casamento com Catarina se tornou o maior desejo do rei.
Henrique, c. 1531.
As reais motivações e intenções de Henrique sobre os anos seguintes não são totalmente claras.[
Ele mesmo, pelo menos no início de seu reinado, era um católico devoto e bem informado a ponto de publicar em 1521 a dissertação Assertio Septem Sacramentorum, ganhando o título de Fidei Defensor ("Defensor da Fé") do Papa Leão X
O trabalho representava uma ferrenha defesa da supremacia papal, Não está claro quando Henrique mudou seu ponto de vista sobre a questão enquanto cresciam suas intenções para um segundo casamento. 
Certamente, por volta de 1527, ele se convenceu que havia quebrado o Levítico 20:21 ao se casar com a viúva de seu irmão, uma autoridade que o papa nunca teve (na visão do rei) para dispensar. Foi esse argumento que Henrique levou até o Papa Clemente VII na esperança de ter seu casamento com Catarina anulado, renunciando uma linha de ataque menos abertamente desafiadora.
Perdida a possibilidade de divórcio e o lugar da Inglaterra na Europa, Wolsey recebeu a culpa; foi acusado de praemunire em outubro do mesmo ano, com sua queda sendo "súbita e total".[
Ele brevemente se reconciliou com o rei (e oficialmente perdoado) na primeira metade de 1530, porém foi acusado novamente em novembro, desta vez por traição, mas morreu esperando julgamento.
Depois de um curto período em que Henrique assumiu o governo pessoalmente, sir Tomás More foi nomeado Lorde Chanceler e principal ministro do rei. More, inteligente e capacitado, porém católico devoto e oponente do divórcio, inicialmente cooperou com a nova política de Henrique, denunciando Wolsey ao parlamento.

Catarina foi banida da corte um ano depois, com seus aposentos sendo entregues a Ana. 

  • Casamento com Ana Bolena

Ana Bolena, c. 1534.
Henrique e Ana casaram secretamente. Ela logo engravidou e houve um segundo casamento em Londres no dia 25 de janeiro de 1533. Em 23 de maio, Cranmer, julgando em uma corte especial reunida no Priorado de Dunstable para decidir sobre a validade do casamento do rei com Catarina de Aragão, declarou a união nula e sem efeito. Cinco dias depois ele declarou que o casamento de Henrique e Ana era válido.
Catarina foi despojada de seus títulos de rainha, tornando-se "princesa viúva" como esposa de Artur. Ana foi coroada rainha consorte em 1 de junho de 1533.
 Ela deu à luz uma filha um pouco prematura em 7 de setembro do mesmo ano. A criança foi batizada de Isabel, em homenagem à mãe de Henrique, Isabel de Iorque.
 More renunciou ao cargo de Lorde Chanceler, deixando Cromwell como o principal ministro do rei.
Com o Decreto de Sucessão de 1533, Maria, filha de Catarina, foi declarada ilegítima, o casamento de Henrique com Ana foi legitimado e os seus descendentes foram colocados como os próximos na linha de sucessão.
Com o Decreto de Supremacia, o parlamento reconheceu o rei como o chefe da Igreja da Inglaterra, tendo então o papa Clemente excomungado Henrique  apesar disso ter sido oficializado apenas algum tempo depois.
O rei e a rainha não ficaram satisfeitos com a vida de casados. O casal tinha períodos de calma e afeição, porém Ana se recusava interpretar o papel submisso que lhe era esperado. A vivacidade e intelecto opinativo que a fizeram tão atraente como um amor ilícito também a deixaram muito independente para o papel principalmente cerimonial de consorte, dado ainda que Henrique esperava obediência absoluta daqueles com quem interagia em capacidade oficial na corte. Ela criou muitos inimigos. Por sua vez, o rei não gostava da irritabilidade constante e temperamento violento da esposa. Depois de uma falsa gravidez ou aborto em 1534, Henrique considerou sua falha em lhe dar um herdeiro homem como uma traição. 
No Natal de 1534, ele já estava discutindo com Cranmer e Cromwell as chances de deixar Ana sem precisar voltar para Catarina.
Acreditava-se que Henrique teve com caso com Margarida Sheldon em 1535, porém a historiadora Antonia Fraser afirma que o caso foi com a irmã Maria Sheldon.
As oposições contra suas políticas religiosas foram rapidamente suprimidas  Os opositores mais proeminentes incluíam João Fisher, Bispo de Rochester, e sir Tomás More, ambos tendo recusado prestar juramento de lealdade ao rei. Tanto Henrique quanto Cromwell não queriam que os homens fossem executados; ao invés disso, eles esperavam que os dois mudassem de opinião e se salvassem. Fisher abertamente rejeitou Henrique como o chefe supremo da igreja, porém More teve mais cuidado para evitar o Decreto de Traição, que (diferentemente de outros decretos) não proibia o silêncio. Entretanto, ambos foram subsequentemente condenados por alta traição – More apenas com a evidência de uma conversa com Ricardo Rich, o procurador-geral. Os dois foram executados no verão de 1535.[

  • Execução de Ana Bolena

Henrique, c. 1537.
As notícias de que Catarina de Aragão havia morrido chegaram ao rei e à rainha em 8 de janeiro de 1536. Henrique convocou demonstrações públicas de alegria. Ana estava grávida novamente e sabia das consequências se não conseguisse dar à luz um menino. Mais tarde no mesmo mês, janeiro, o rei caiu de um cavalo em um torneio de justas e foi seriamente ferido, parecendo por um tempo que sua vida estava em perigo. Quando as notícias do acidente chegaram até Ana, ela entrou em choque e abortou um menino de quinze semanas, exatamente no dia do funeral de Catarina, em 29 de janeiro.
 Para a maioria dos observadores, essa perda pessoal foi o começo do fim do casamento.
Apesar de a família Bolena ainda possuir posições importantes no Conselho Privado, Ana tinha muitos inimigos  eram contra Ana os apoiadores de uma reconciliação com a princesa Maria 
m Um segundo divórcio era agora uma possibilidade real, apesar de se acreditar que foi a influência anti-Bolena de Cromwell que levou os oponentes a procurarem um modo de fazê-la ser executada.
A queda de Ana ocorreu pouco depois de ela ter se recuperado de seu último aborto. Ainda é debatido entre os historiadores se isso ocorreu primariamente por causa das alegações de conspiração, adultério ou bruxaria.
 Os primeiros sinais de um desfavorecimento incluíam a nova amante do rei, Joana Seymour, sendo colocada em novos aposentos, 
 Entre 30 de abril e 2 de maio, cinco homens, incluindo Jorge Bolena o irmão, foram presos pelas acusações de adultério e por terem tido relações sexuais com a rainha.
 Ana também foi presa, acusada de adultério e incesto. Apesar das evidências serem pouco convincentes, os acusados foram condenados e sentenciados a morte. Jorge Bolena e os outros homens foram executados em 17 de maio.
 Ana foi executada na Torre Verde da Torre de Londres às 9 horas do dia 19 de maio de 1536.

  • Joana Seymour e questões políticas

Joana Seymour em 1536 e o jovem Eduardo com Henrique e Joana, c. 1545. Na época em que esta pintura foi feita, Henrique já estava casado com sua sexta esposa.
Um dia depois da execução de Ana, Henrique ficou noivo de Joana Seymour, que tinha sido uma das damas de companhia da antiga rainha. Eles se casaram dez dias depois. Joana deu à luz em 12 de outubro de 1537 um filho, o príncipe Eduardo. O parto foi difícil e ela morreu em 24 de outubro de uma infecção, sendo enterrada na Capela de São JorgeCastelo de Windsor.
 A euforia que acompanhou o nascimento de Eduardo se transformou em luto, porém foi apenas com o tempo que Henrique passou a lamentar pela esposa. Na época ele se recuperou rapidamente do choque.
 Medidas foram tomadas para encontrar uma nova esposa para o rei, que, pela insistência de Cromwell e da corte, foram focadas no continente europeu.
Seguiu-se o Segundo Decreto de Sucessão, que declarava os filhos de Henrique com Joana os próximos na linha de sucessão e declarava Maria e Isabel como ilegítimas, excluindo-as do trono. 
O rei também recebeu o poder de determinar a linha de sucessão à sua própria vontade, caso não tivesse mais nenhum descendente. 

  • Ana de Cleves

Ana de Cleves em 1539.
Nessa época, Henrique estava querendo se casar novamente para garantir a sucessão. Cromwell, agora Conde de Essex, sugeriu Ana, irmã do Duque de Cleves, que era visto como um importante aliado em caso de um ataque católico a Inglaterra, já que o duque estava dividido entre o luteranismo e o catolicismo.
Henrique concordou em se casar com Ana.[ Porém, ele logo passou a querer anular o casamento.[109][110] Ela não protestou e confirmou que o casamento jamais fora consumado.
O caso do arranjo de casamento anterior que Ana tinha com o filho do Duque de Lorena eventualmente deu a resposta, uma complicada o suficiente para que os impedimentos restantes ao anulamento fossem removidos.
 O casamento foi dissolvido e Ana recebeu o título de "A Amada Irmã do Rei", duas residências e uma generosa pensão.
 Estava claro que o rei estava interessado em Catarina Howard, sobrinha de Tomás Howard, algo que preocupava Cromwell já que ele era um oponente.
 Cromwell enquanto isso caiu em desgraça apesar de não se saber exatamente o motivo, Cromwell estava agora entre inimigos na corte, com Howard conseguindo usar a posição de sua sobrinha.
 Ele foi acusado de traição, venda de licenças de exportação, concessão de passaportes e formação de comissões sem permissão, e também pode ter sido acusado pelo fracasso no casamento com Ana e no fracasso da política externa que isso acarretou.
 Cromwell acabou sendo preso e decapitado. Ele não foi substituído como Vice-regente em Espirituais, um cargo criado especificamente para ele

  • Catarina Howard

Catarina Howard em 1540 e Catarina Parr c. 1545, respectivamente a quinta e a sexta esposas de Henrique.
Henrique se casou com a jovem Catarina Howard, que também era prima e dama de companhia de Ana Bolena, em 29 de julho de 1540, mesmo dia da execução de Cromwell.
 Ele ficou absolutamente encantado com sua nova rainha, dando-lhe as terras de Cromwell e várias jóias.
 Entretanto, Catarina teve um caso com o cortesão Tomás Culpeper pouco depois do casamento. Ela empregou Francisco Dereham, com quem teve um caso e noivado informal antes de se casar com o rei, como secretário. A corte soube de seu caso anterior com Dareham enquanto Henrique estava fora; Cranmer foi enviado para investigar e levou evidências do caso de Howard e Dareham ao conhecimento do rei.
Apesar de Henrique inicialmente se recusar a acreditar nas alegações, Dareham confessou. Porém, foi apenas na reunião seguinte do conselho que o rei acreditou e teve um ataque de raiva, culpando o conselho antes de sair pra caçar.
 Catarina, ao ser questionada, poderia ter admitido ter um acordo anterior com Dareham, que faria com que seu casamento com Henrique fosse inválido, porém ela afirmou que o homem a forçou a ter uma relação adúltera. Dareham acabou revelando o caso da rainha com Culpeper. Os dois homens foram executados e Catarina foi decapitada em 13 de fevereiro de 1542.

  • "Rude Cortejo" e segunda invasão da França

Henrique c. 1540.
A aliança entre Francisco e Carlos se dissolveu em 1539, eventualmente degenerando até uma guerra. Com Catarina de Aragão e Ana Bolena mortas, as relações entre Carlos e Henrique melhoraram muito, com o rei inglês concluindo uma aliança secreta com o imperador. Ele decidiu intervir na Guerra Italiana ao lado de seu novo aliado. Uma invasão da França foi preparada para 1543.
Em preparação, Henrique moveu-se para eliminar a potencial ameaça escocesa sob o jovem Jaime V. Isso continuaria a reforma na Escócia, que ainda era católica, e Henrique esperava unir as duas coroas ao casar a filha de Jaime, Maria da Escócia, com Eduardo. Ele fez guerra contra os escoceses por vários anos tentando alcançar esse objetivo, uma campanha que ficou conhecida como o "Rude Cortejo".
A Escócia foi derrotada na Batalha de Solway Moss em 24 de novembro de 1542, e Jaime morreu menos de um mês depois. Jaime Hamilton, 2.º Conde de Arran, regente escocês, concordou com o casamento no Tratado de Greenwich em 1 de julho de 1543.
Apesar do sucesso na Escócia, Henrique hesitou em atacar a França, irritando Carlos. Ele finalmente seguiu em frente em junho de 1544 com um ataque em dois frontes. Uma força liderada por Tomás Howard cercou, sem sucesso, Montreuil. A outra sob o comando de Carlos Brandon cercou Bolonha-sobre-o-Mar. Henrique posteriormente assumiu o comando pessoal, com Bolonha caindo em 18 de setembro. Porém, ele havia recusado os pedidos do imperador para marchar contra Paris. A própria campanha de Carlos desandou e ele fez as pazes com a França no mesmo dia. Henrique ficou sozinho contra a França, incapaz de fazer a paz. Francisco tentou invadir a Inglaterra no verão de 1545, porém foi um fiasco. Com os dois reinos sem dinheiro, ambos assinaram o Tratado de Ardres em 7 de junho de 1546. Henrique garantiu a posse de Bolonha por oito anos, então a devolveu para a França por £750 000. Ele precisava do dinheiro; a campanha havia custado £650 000 e a Inglaterra estava novamente falida.
Enquanto isso, os escoceses repudiaram o Tratado de Greenwich em dezembro de 1543. Henrique lançou outra guerra contra os escoceses, enviando um exército para queimar Edimburgo e devastar o interior. Apesar disso, a Escócia não se submeteu. A derrota na Batalha de Ancrum Moor levou a uma segunda invasão. A guerra terminou nominalmente no Tratado de Ardres. Desordens na Escócia, incluindo intervenções tanto inglesas quanto francesas, continuaram até a morte de Henrique.

  • Catarina Parr

Henrique se casou pela sexta e última vez em julho de 1543 com Catarina Parr, uma rica viúva. Reformista, ela discutia sobre religião com o rei. No final, Henrique permaneceu comprometido com uma mistura idiossincrática de catolicismo e protestantismo; o estado de espírito reacionário que tinha ganhado terreno após a queda de Cromwell não eliminou seu traço protestante nem foi superado por ele.
 Parr ajudou Henrique a se reconciliar com suas filhas Maria e Isabel. Em 1543, o Terceiro Decreto de Sucessão colocou suas filhas de volta na sucessão, atrás de Eduardo. O mesmo decreto permitiu que ele determinasse a sucessão conforme sua vontade.

  • Declínio físico

Henrique em 1542.
Henrique se tornou obeso posteriormente em sua vida. Tinha uma medida de cintura de 140 cm e precisava se mover com a ajuda de invenções mecânicas. Era coberto por furúnculos cheios de pus e possivelmente sofria de gota.
 Sua obesidade e outros problemas médicos podem ter sido a causa do acidente de justa que sofreu em 1536, em que teve um ferimento na perna. O acidente reabriu e agravou um ferimento anterior que havia tido anos antes, a ponto de seus médicos encontrarem dificuldades em tratá-lo. 
O ferimento infeccionou  até ulcerar, algo que o impedia de manter o mesmo nível de atividade que costumava ter. Acredita-se que o acidente tenha sido a causa das mudanças de humor de Henrique, que podem ter tido grande efeito em sua personalidade e temperamento.
A teoria que Henrique sofria de sífilis foi desmentida pela maioria dos historiadores Uma teoria mais recente sugere que seus sintomas médicos são característicos de uma diabetes mellitus tipo 2 não tratada.
 Como alternativa, o padrão de gravidezes de suas esposas e sua deterioração mental levaram alguns a sugerirem que ele poderia ser Kell positivo e sofredor da síndrome de McLeod.
 De acordo com outro estudo, o histórico do rei e morfologia de seu corpo eram provavelmente o resultado de uma lesão cerebral traumática após o acidente de justa de 1536, que por sua vez levou a causa de sua obesidade neuroendócrina. A análise identifica deficiência no hormônio de crescimento como a fonte de sua adiposidade cada vez maior e também suas mudanças significativas de comportamento em seus últimos anos, incluindo seus múltiplos casamentos.
 Outra teoria diz que esses danos cerebrais possivelmente foram causados por outros dois incidentes: o primeiro em 1524 quando uma lança perfurou seu capacete durante uma justa e segundo no ano seguinte quando o rei bateu de cabeça no chão ao tentar cruzar um riacho com uma vara. 
Alguns dos efeitos colaterais de uma lesão cerebral incluem deficiência hormonal e hipogonadismo, que podem criar disfunções metabólicas e impotência sexual e explicariam seu aumento de peso e dificuldades cada vez maiores de ter relações com suas esposas.

  • Morte

Caixões de Henrique VIII (centro), Joana Seymour (esquerda) e Carlos I com um filho de Ana (esquerda) na sepultura embaixo do coral da Capela de São Jorge, marcados por uma laje de pedra no chão. Desenho de Alfred Young Nutt em 1888.
A obesidade de Henrique acelerou sua morte aos 55 anos de idade, em 28 de janeiro de 1547, no Palácio de Whitehall, naquele que teria sido o nonagésimo aniversário de seu pai. 
 Seu caixão foi velado no Mosteiro de Sião, no caminho para a Capela de São JorgeCastelo de Windsor
 Henrique foi enterrado em uma sepultura na Capela de São Jorge ao lado de Joana Seymour.102 anos depois, em 1649, o rei Carlos I foi enterrado na mesma sepultura.

  • Sucessão

Após sua morte, seu único filho homem herdou a coroa como rei Eduardo VI. Já que Eduardo tinha apenas nove anos de idade, ele não podia exercer o poder. 
O testamento de Henrique nomeou dezesseis executores para servirem em um conselho regencial até Eduardo completar dezoito anos. Os executores escolheram Eduardo Seymour, 1.º Conde de Hertford, irmão mais velho de Joana Seymour e tio do novo rei, para ser Lorde Protetor do Reino. 
Caso Eduardo não tivesse herdeiros, o trono passaria para Maria, filha de Henrique e Catarina de Aragão, e seus descendentes. 
Caso Maria não tivesse filhos, a coroa iria para Isabel, filha de Henrique com Ana Bolena, e os herdeiros dela.
 Finalmente, se a linhagem de Isabel fosse extinta, o trono inglês seria herdado pelos Grey, descendentes de Maria, irmã mais nova de Henrique. Os descendentes de sua irmã Margarida, os Stuart da Escócia, foram excluídos da sucessão. Entretanto, Jaime VI da Escócia herdou a Inglaterra após a morte de Isabel em 1603.

  • Imagem pública

Partitura de "Pastime with Good Company", composta pelo rei c. 1513.

Henrique era um intelectual. Foi o primeiro rei inglês com uma educação humanista moderna, escrevia e falava em inglêsfrancês e latim, e sentia-se completamente em casa com sua biblioteca bem abastecida. Ele pessoalmente fazia anotações em muitos livros e escrevia e publicava seus próprios. Para promover o apoio público à sua reforma da igreja, preparou inúmeros panfletos e palestras. Por exemplo, Oratio, de Richard Sampson, era um argumento para a obediência absoluta à monarquia e afirmava que a igreja inglesa sempre havia sido independente de Roma.
 Em nível popular, companhias teatrais e de menestreis fundadas pela coroa viajavam pelo reino para promover as novas práticas religiosas: o papa e padres e monges católicos eram ridicularizados como demônios estrangeiros, enquanto que o rei era exaltado como um corajoso e heroico defensor da verdadeira fé
 Henrique trabalhou arduamente para apresentar uma imagem de autoridade incontestável e poder irresistível.
Sendo um homem grande e forte (tinha mais de 1,80 m de altura e bem largo), Henrique era ótimo em justas e caça. Além de passatempos, também eram dispositivos políticos que serviam para vários objetivos, desde enaltecer sua imagem real atlética para impressionar governantes e emissários estrangeiros, até transmitir sua habilidade de suprimir qualquer rebelião. 
 O rei aposentou-se das justas em 1536 depois de seu grave acidente, porém continuou a patrocinar dois suntuosos torneios anualmente. Henrique então começou a ganhar peso e perder a imagem atlética e elegante que o fizeram tão atraente; seus cortesãos começaram a se vestir com roupas bem acolchoadas para emular e até lisonjear seu monarca cada vez mais robusto. Ao final de sua vida sua saúde piorou devido à alimentação pouco saudável.

  • Finanças

Moeda coroa de ouro de Henrique, cunhada c. 1544–1547.
O reinado de Henrique foi um quase-desastre em termos financeiros. Apesar de ter herdado uma economia próspera (aumentando ainda mais seu tesouro confiscando as terras da igreja), seus grandes gastos e longos períodos de má administração danificaram a economia.
 Tinha mais de duas mil tapeçarias em seus palácios – por comparação, Jaime V da Escócia tinha apenas duzentas.
 Orgulhava-se de exibir sua coleções de armas, que incluíam exóticos equipamentos de tiro com arco, 2.250 peças de artilharia e 6.500 armas curtas.
Ao contrário de Henrique VII que havia sido frugal e cuidadoso com o dinheiro, Henrique VIII investiu enormes fortunas. Esse dinheiro foi estimado em £1.250.000 (£375 milhões em padrões atuais)
 Muito dessa riqueza foi gasta para manter a corte e criadagem, incluindo muitos dos trabalhos de construção que ele realizou nos palácios reais. Os monarcas Tudor tinham que financiar os gastos do governo com suas próprias rendas. Essa renda vinha das terras da coroa que Henrique era dono além de impostos como os impostos aduaneiros, garantidos pelo parlamento por toda a vida do rei. Durante seu reinado as rendas da coroa permaneceram constantes em por volta de cem mil libras,
porém foram afetadas pela inflação e o aumento de preços vindos com a guerra. Foi a guerra e suas ambições dinásticas na Europa que o fizeram acabar na década de 1520 com a fortuna reunida por seu pai. Apesar de Henrique VII ter pouco se envolvido em questões do parlamento, Henrique VIII tinha que pedir dinheiro ao parlamento, particularmente para conseguir subsídios para suas guerras. A Dissolução dos Mosteiros forneceu um meio de reabastecer o tesouro e a coroa acabou assumindo posse de terras monásticas de valor de £120 mil por ano.
 A coroa lucrou um pouco em 1526 quando Wolsey colocou a Inglaterra na padrão ouro, tendo desvalorizado o valor da moeda um pouco. Cromwell desvalorizou a moeda mais, começando na Irlanda em 1540. Como resultado, a libra inglesa ficou com metade do valor da libra flamenga entre 1540 e 1551. O lucro nominal foi significante, ajudando a nivelar os gastos com a renda, porém teve um efeito catastrófico na economia geral do país. Parcialmente ajudou a trazer um período de altas inflações a partir de 1544.

  • Reforma religiosa

Henrique é geralmente creditado por iniciar a Reforma Inglesa – o processo de transformação da Inglaterra de um país católico para um protestante – apesar de ser contestado seu progresso através da elite e das massas, com a exata narrativa não sendo totalmente aceita. Certamente em 1527, Henrique até então um católico obediente e bem informando, apelou ao papa pelo anulamento de seu casamento com Catarina.
 Nenhum anulamento foi conseguido em parte por causa do controle que Carlos V exercia sobre o papado.
A narrativa tradicional diz que essa recusa iniciou a rejeição de Henrique da supremacia papal (que anteriormente ele defendeu), apesar do historiador Albert Pollard discutir que, mesmo que não tivesse precisado do divórcio, o rei poderia ter rejeitado o controle papal por motivos inteiramente políticos.
Tomás Cranmer em 1545.
De qualquer forma, Henrique instituiu entre 1532 e 1537 vários estatutos que lidavam com a relação entre o rei e o papa e consequentemente a estrutura da emergente Igreja Anglicana O Ato de Supremacia de 1534 declarou que o rei era "o único Chefe Supremo na Terra da Igreja da Inglaterra" e o Ato de Traição de 1534 fazia a recusa do Juramento de Supremacia alta traição punível por morte.
 Similarmente, a aprovação do Decreto de Sucessão no ano anterior fez com que todos os adultos do reino fossem forçados a reconhecer por juramento as disposições da lei (declarando que o casamento de Henrique com Ana Bolena era legítimo e que a união com Catarina ilegítima); aqueles que se recusavam recebiam prisão perpétua e qualquer publicação de literatura alegando que o casamento com Ana era inválido estava sujeita e pena de morte.
 Finalmente, em resposta a sua excomungação, foi aprovado o Decreto do Óbolo de São Pedro, que reiterava que a Inglaterra "não tinha superior sob Deus, apenas sua Graça" e que a "coroa imperial" do rei havia sido diminuída pelas "usurpações e extorsões perversas e impiedosas" do papa. Henrique ainda tinha grande apoio da igreja sob a liderança de Tomás Cranmer
Para a irritação de Cromwell, Henrique insistia em tempo parlamentar para discutir as questões da fé, que ele alcançou graças a Tomás Howard. Isso acabou levando a aprovação do Decreto dos Seis Artigos, pelo qual seis grandes questões foram respondidas afirmando a ortodoxia religiosa, assim restringindo o movimento protestante na Inglaterra Seguiu-se os começos da liturgia reformada e o Livro de Oração Comum, que seriam completados apenas em 1549 no reinado de Eduardo VI.
 A vitória dos conservadores religiosos não levou a grande mudança de pessoal e Cranmer permaneceu como arcebispo
 De forma geral, o reinado de Henrique teve um sutil movimento para longe da ortodoxia religiosa, auxiliado em parte pelas mortes de proeminentes figuras anteriores a separação de Roma, especialmente as execuções em 1535 de Tomás More e João Fisher por recusarem-se a renunciar a autoridade papal. O rei estabeleceu uma nova teologia política de obediência à coroa que continuou na década seguinte. Ela refletia a nova interpretação do quarto mandamento ("Honra a teu pai e a tua mãe") por Martinho Lutero, levada para a Inglaterra por Guilherme Tyndale. A fundamentação da autoridade real nos Dez Mandamentos foi outra mudança importante: reformadores dentro da igreja utilizaram a ênfase dos mandamentos na fé e na palavra de Deus, enquanto os conservadores enfatizavam a necessidade da dedicação à Deus e de fazer o bem. Os esforços dos reformadores estavam por trás da publicação em 1539 da Grande Bíblia em inglês.
 Os reformadores protestantes ainda assim enfrentaram perseguições, particularmente sobre as objeções ao anulamento de Henrique. Muitos acabaram fugindo para o exterior onde enfrentaram mais dificuldades, como Tyndale que eventualmente foi executado e seu corpo queimado em nome do rei.
Quando impostos antes pagos a Roma foram transferidos para a coroa, Cromwell sentiu a necessidade de avaliar o valor tributável das vastas propriedades da igreja como estavam em 1535. O resultado foi um extenso compêndio, o Valor Ecclesiasticus

As reações à reforma foram divididas. As casas religiosas eram as únicas apoiadoras dos pobres, 

  • Exército

Armadura italiana de Henrique c. 1544.
Excluindo as guarnições de Berwick-upon-Tweed, Calais e Carlisle, o exército fixo da Inglaterra era formado por apenas algumas centenas de homens. Esse número cresceu pouco no reinado de Henrique.

Henrique é tradicionalmente creditado como um dos fundadores da Marinha Real. Tecnologicamente, ele investiu em grandes canhões para seus navios, 

A ruptura com Roma acarretou a ameaça de uma grande invasão francesa ou espanhola. Para prevenção, em 1538, Henrique começou a construir uma rede de defesas moderníssimas ao longo da costas sul e leste de Kent a Cornualha, utilizando materiais principalmente retirados dos mosteiros dissolvidos.
 Eles ficaram conhecidos os Fortes de Defesa. Ele também fortaleceu a já existente defesa costal em fortalezas como o Castelo de Dover, o Monte Bulwark e Forte Archcliffe, que ele visitou pessoalmente durante alguns meses para supervisionar



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